Tenho uma teoria: quando estamos para nascer, Deus (ou aquilo que você acredita) nos concede presentes que serão muito úteis durante toda a vida. São três os tipos de presente: beleza, inteligência e dinheiro. A maioria das pessoas nasce com apenas um presente. Poucos sortudos nascem com dois. E tem os raros, que nasceram com a bunda virada pra lua, como dizem por aí, com três presentes.
Pois bem, quem nasce com dinheiro, trata logo de comprar sua beleza e, em alguns casos, a inteligência. Quem nasce com beleza, trata logo de usá-la para conseguir dinheiro. E isso é tudo. Quem nasce com inteligência, trata de entender como ter beleza e dinheiro e não entrar em crise existencial por estar se rendendo aos padrões de estética e consumo impostos a esta geração pós-moderna. (gosto assim, sem vírgulas)
Voltando a mim. Eu realmente gosto de ser inteligente. É meu presente favorito (favorito como? se não recebi os outros…), mas, como tudo nessa vida, tem seu lado ruim e bom, ao mesmo tempo.
Juro que é involuntário. Meu cérebro costuma agir como um investigador do CSI, uma pista aqui, com aquela pista acolá, de repente um estalo e chego à conclusão. Quando são conclusões relacionadas à profissão, aos estudos ou questões práticas da vida, é maravilhoso. Funciona como uma vantagem competitiva, à la Darwin.
Mas quando essas conclusões são sobre pessoas, e pessoas com as quais me relaciono… (PALAVRÃO BEM CABELUDO). Então tem início um processo de autoflagelação, no qual já sei o final daquela situação e fico pré-ocupado e a espera do que virá. Meu psicólogo diz que ansiedade demais não é bom. E diante dele, pergunto e respondo.
_ E quem diz que eu consigo ser diferente? Já tentei e não dá.
Para não dizer que minhas conclusões sobre as pessoas são sempre ruins, costumo dizer que nunca são boas. Funciona. Conforta. Ameniza. Eu sei o que você deve estar pensando enquanto lê esse texto: que decepção faz parte da vida, que as coisas são assim mesmo, que é preciso se conformar com isso, que et cetera e tal.
Volto aos presentes. Quem nasceu com dinheiro, rega suas decepções com champanhe em um luxuoso hotel em Paris. Quem nasceu com beleza, trata logo de se arrumar e ir para a primeira festa, ou o primeiro aplicativo, ou qualquer lugar cheio de pessoas que massagearão seu ego com elogios interesseiros. Já quem nasceu com inteligência, quando sofre alguma decepção, escreve textos com conclusões questionáveis.