Depois de dias apenas envolto em fedorentas cobertas velhas, hoje finalmente olhei nos olhos do mendigo da Praça da Bandeira. Que não me olhou de volta, pois estava com o olhar perdido. Chovia muito e o frio era óbvio.
Eu poderia lhe oferecer um pacote de bolacha, assim como fiz há algum tempo com o mendigo da Praça Chico Mendes. Poderia lhe comprar uma marmita na hora do meu almoço. Talvez sentar com ele alguns minutos, tentar entender o porquê e ajudá-lo a voltar pra casa. Mas não sei se conseguiria, uma vez que o olhar dele não me convidou para entrar.
Marcelo disse que aqui existe uma espécie de perua kombi, que convida os mendigos para ir até abrigos e que ele só está ali, na chuva, sozinho, no frio, com fome, na praça, porque quer.
Passo todo dia pela Praça da Bandeira, entro no tubo, pego o Inter II sentido Cabral e vou para casa, que não é minha, mas é quente e seca. E todo dia, vejo aquela imagem e por alguns segundos me sinto a pior pessoa, justamente por não saber o que fazer para ajudá-lo.
4°c em Curitiba, e o que podemos fazer?
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