Paro o carro em frente a uma fachada que não é interessante. Desço e entro no prédio com uma recepção modesta. Pergunto onde será a reunião e a moça me aponta um corredor tímido e cinza, que lembra minha escola do ensino médio. Entro na sala e sou nocauteado pelo clichê de algumas cadeiras em circulo e pessoas sentadas com caras de tédio. A “reunião” começa conduzida por aquele que parece ser o líder da cambada. Li que cambada é o coletivo de desordeiros, e faz todo sentido já que somos uma geração de desordeiros… mentais. Depois de algumas falas pouco expressivas e nada sinceras, chega minha vez de falar.
_ Oi. Meu nome é Danilo.
_ Oi, Danilo. Respondem com a animação de quem lê aquele folheto de missa pouco inovador. Ou ainda como quem repete para a pessoa ao lado a frase que o pastor grita na intenção de causar interação entre os irmãos no culto. Então, continuo.
_ Começo este testemunho me sentindo o maior hipócrita do mundo. Sinto-me um médico que diz ao paciente para não fumar, mas que preenche os intervalos entre consultas com cigarros. Como os pais que pegos no pulo-do-gato dizem com o rosto vermelho de vergonha: “faça o que digo, não o que faço”. Externada essa sensação, me dedico agora ao tema central deste desabafo.
De fato, estava cansado de sair por aí empurrando tudo pela frente. É do meu feitio, seja com sorriso ou com grito, conduzir tudo para onde quero. Gosto assim, mas é cansativo. Não estou me maldizendo, entenda: ser assim é bom, embora ruim. Mas pesando com cuidado, é mais bom que ruim.
O que quero dizer é que, finalmente, aprendi que não adianta me desesperar, fazer birra, implorar, fazer beicinho, ofender, ficar de mau ou qualquer outro artifício para conseguir o que quero. Na vida só se tem o que é para ser seu. Se não aconteceu, não é para ser e isso é tudo! Pode espernear à vontade, isso é tudo, e fim.
Veja a Gisele, a Bündchen. Linda, rica, brasileira, bem-sucedida, marido gato, filhos saudáveis, cachorros sorridentes, mansões milionárias, cidadã do mundo e blá-blá-blá. Quem, por mais Mãe Diná que fosse, daria esta previsão? Quem diria que uma menina nascida no interior do Rio Grande do Sul, seria eleita a mulher mais bonita do mundo, além de ser a modelo mais bem paga? Gisele Bündchen nasceu para ser Gisele Bündchen, e nada nem ninguém tira isso dela.
Justo ou injusto (resolvam isso com Deus), a verdade é que cada um nasceu para ser algo, que não sabemos ao certo, mas que aos poucos a vida trata de mostrar.
Agora que chegamos a este ponto da explanação, críticos (também conhecidos como “do contra”) dirão que se isso for, no mínimo, coerente, podemos nos sentar e esperar nosso destino se cumprir. Na-nani-nanão! Cada um tem a sua parte neste processo: Você faz a sua e a vida a dela, necessariamente nessa ordem.
É somando-se as partes que a magia acontece na hora que deve ser. E o mais importante é acreditar que no final tudo dá certo. Se não, é por que ainda não é o final.